23 de setembro de 2010

Mudança de casa

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Att,
J. Eustáquio.

17 de agosto de 2010

TRABALHO

Acredito, como uma grande oportunidade, aproveitar a busca, cada vez maior, por emprego em função da priorização do valor do ganho que se vá obter, para colocar em discussão o tema TRABALHO.

Não raro encontramos pessoas, jovens profissionais inclusive, infelizes com o emprego que conseguiram. Especialmente se comparados o conhecimento e a competência que elas têm com o trabalho que lhes deram para realizar. O pior: muitas vezes o trabalho que realizam nada tem a ver com a formação profissional conseguida após anos e anos de estudos e treinamentos. O valor do ganho não tem mais o significado que anteriormente tinha e a frustração profissional se instalará inexoravel-mente.

Em sendo a realização profissional um dos grandes objetivos de qualquer ser humano, essa deformação está contribuindo para que hajam mais pessoas desestrutu-radas dentro das organizações, como com-seqüência na sociedade como um todo, pois todos nós dedicamos um terço do tempo da nossa “vida útil” às atividades profissionais.

Que o trabalho, não apenas como fonte de realizações materiais, mas de felicidade, de sucesso, e, sobretudo de crescimento enquanto seres humanos seja a aspiração de todos que buscam o mercado, é um desafio que devemos enfrentar e vencer.

Permito-me apresentar duas reflexões que poderão nos ajudar na jornada:

“Um dos sintomas de esgotamento nervoso é a crença de que o trabalho é terrivelmente importante...”

Bertrand Russel

“O trabalho é apenas um meio, insisto, não um fim. O que é bom é a vida, a felicidade, a justiça, a liberdade; o trabalho só tem sentido a serviço delas, nunca no lugar delas.”

André Comte-Sponville
J. Eustáquio
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9 de agosto de 2010

REFLEXÕES EM PEQUENAS DOSES

Retornando ao texto inicial, quero deixar claro que não pretendi me colocar a favor da tese de que a “humanidade está perdida”, mas considerar que a ela falta um “eixo”, um norte de convergência.

Na verdade o que se verifica é a existência, não rara, de seres humanos “desestruturados” nos lugares onde a vida acontece inevitavelmente: nas organizações, nas entidades de classe, nas igrejas, nas comunidades sociais, nas ruas e em muitos outros lugares por onde têm de transitar. Esta desestrutura tem origem em uma infinidade de sentimentos e pensamentos de dúvida, de medo, de descrença, de desconfiança, de falta de significado e tantos outros também de natureza enfraquecedora.

Tendo em conta que a sobrevivência do Ser Humano depende, basicamente, de quatro tipos de relacionamentos - familiar, social, profissional e com ele próprio – que se não forem “gerenciados” adequadamente, haverá um ponto onde se instalará o chamado “caos” individual que vai dificultar sobremaneira a coexistência pacífica entre esses eles que, além das suas complexidades inerentes, apresentam demandas específicas segundo “departamentos” próprios a cada um.

Dessa perspectiva estou propondo, iniciar uma troca de idéias e experiências sobre conceitos e atitudes que, de algum modo, afetam a todos nós no nosso dia-a-dia e que não temos habilidade para lidar com eles, mas que sentimos os efeitos e o quanto dificultam a nossa e a vida daqueles com quem relacionamos. No entanto, nada que exija muito esforço, conhecimento ou prática e sim o estabelecimento de um processo simples de reflexões. Para isto, e dentro da minha preferência pessoal, acredito que esta troca se deve dar através de textos curtos e claros para facilitar o seu maior alcance.

Para começar a série, e aproveitando a busca incessante por melhores conhecimentos em assuntos comuns a todos nós, que tal começar um processo de reflexão, ainda que em pequenas doses, sobre Amor, Ambição, Casamento, Relacionamento, Apegos, Expectativas, Ética, Família, Trabalho, Idade e outros tantos que venha a surgir na nossa caminhada?

Consciente de que poderemos contribuir para que cada pessoa se torne um Ser Humano melhor, tenho a convicção que todos aqueles que assim se sentirem irão contribuir para que o mundo também seja um lugar melhor para se viver e, principalmente, conviver.

J. Eustáquio
twitter: @filosofiablog


31 de dezembro de 2007

ANO NOVO

Outra vez temos a oportunidade de viver o mesmo círculo vicioso de todo final de ano ou decidir torná-lo um verdadeiro círculo virtuoso.

No ponto inicial do círculo vicioso colocamos as nossas idealizações e ficamos pensando no futuro, desperdiçando incontrolavelmente o momento presente, aguardando a ocorrência dos eventos idealizados.

No segundo ponto o resultado óbvio é a frustração por não termos conseguido alcançar o futuro que pretendíamos orientar. Os resultados não foram realmente bons para nós ou não atingimos as nossas expectativas. Aqui existe sempre uma mensagem que dificilmente aprendemos: quando estamos acostumados a idealizar e usar o pensamento presente sobre acontecimentos futuros, quando este futuro se torna o hoje, a frustração é inevitável porque não estamos preparados para desfrutar o agora.
No terceiro ponto, está claro, só poderemos encontrar a depressão resultante do nosso sentimento de insatisfação. Tudo porque quando não sabemos como se apoderar firme e decididamente do agora e vivê-lo plenamente, nos sentimos deprimidos e desmoralizados.

Então, o que fazemos? Começamos tudo de novo e muito provavelmente chegaremos à condição de termos uma “vida de calmo desespero”, como afirmou Henry David Thoreau.

Como então sair deste e encontrar o círculo virtuoso? Em minha opinião, começando por responder à seguinte questão: “Como usarei os meus momentos presentes neste novo ano?”.

Vale também decidir sobre a eliminação de planos vagos tais como: “em agosto estarei com a minha vida sob controle”, “em abril estarei cinco quilos mais magros”, “deixarei de fumar em fevereiro”, “até o final do ano estarei seguindo um programa de recuperação da minha forma física”, etc., etc. Claro que tudo isto é factível e, com certeza, o seu organismo, a sua auto-imagem e a sua auto-estima estarão excelentes quando tudo isso se tornarem realidades. Entretanto, o que não dá para esquecer é que no planeta a vida acontece um minuto de cada vez, uma hora de cada vez, um dia de cada vez.

Na certeza de que todos viveremos - “um dia de cada vez” - uma longa e produtiva vida, a começar em 2008, como é de praxe quero deixar duas poesias como reflexões adicionais.
--o--

Ainda se repetem as práticas da retrospectiva e dos pedidos de um
Novo ano com tudo novo e da melhor qualidade.
O comum, após este momento, é tudo seguir como antes.

Nada “cai do céu” e muito menos existe “almoço de graça”.
O novo deve ser sempre da nossa responsabilidade e não do ano.
Viver ao sabor de profecias, ou de pedidos vãos, só poderá te dar
Outro ano do tamanho que sonhou (ou não sonhou).
--o--

JOGUEI FORA A CHAVE (*)

Fechei a porta do ontem
Suas dores e desesperos
Tranquei as tristezas
Fracassos e erros passados.

E agora joguei fora a chave
e procuro um quarto ensolarado
Que mobiliarei com esperanças e sorrisos
E com o perfumado florir da primavera.

Nenhum pensamento deverá entrar neste quarto brilhante
Que tenha um toque de dor
Nenhuma impaciência, infelicidade
Jamais deverá entrar.

Fechei a porta no ontem
E joguei fora a chave
O amanhã não contém nenhum medo para mim
Desde que encontrei o hoje.

(*) "I threw the key away", poema inglês de autor desconhecido.

24 de julho de 2007

FILOSOFIA E EXISTÊNCIA


Algumas Notas para Reflexão

José Eustáquio Moreira de Carvalho


Nos últimos dez anos tenho me dedicado, com bastante afinco, ao estudo da Filosofia, especialmente nos aspectos que, de alguma forma, têm afetado enormemente o dia-a-dia das pessoas.

A bem da verdade, estou retornando à Filosofia, já que a minha primeira experiência universitária foi cursando um ano de Filosofia Pura, aqui em Brasília, em 1968.

Vários são os motivos que me trouxeram a este maravilhoso mundo do saber, mas o mais forte e determinante foi o “caos” que percebi estar vivendo o Ser Humano frente a questões relativas ao seu mundo pessoal, familiar, profissional e social. Aí incluindo uma busca desorientada de significado enquanto indivíduo, enquanto pai ou mãe, enquanto profissional e enquanto participante (ou não) do mundo ao seu redor. Enfim um grande problema de existência. Ou, do ponto de vista filosófico, uma permanente crise existencial.

Antes de começar verdadeiramente, a tarefa de estudar este “caos” fiz uma viagem panorâmica sobre o que estava acontecendo com a Filosofia e o que ela tinha apresentado ou estava apresentando, em termos práticos e de fácil acesso e uso, para a população em geral.

Minha surpresa só não foi maior, porque busquei entender das regras e do comportamento no ambiente acadêmico. A Filosofia tinha se encastelado na Academia e só a ela servira até a penúltima década do século passado.

Ainda que a partir deste período tenha surgido um forte movimento pela “volta” da prática filosófica, a Academia tratou de se proteger estabelecendo dois campos de ação: a Filosofia Analítica e a Filosofia Prática. E, claro, preferiu seguir no seu pedestal se apossando da Filosofia Analítica e condenando a Filosofia Prática. Não favorecendo em nada a ampliação da demanda por matrículas nos cursos que ofereciam, já que a forma de tratar os assuntos da Filosofia continuou como sempre foi: entediante, de difícil entendimento, de forma pouco útil ou aplicável, além da aparência sempre superior dos mestres.

Não satisfeito com este quadro de dicotomia me aprofundei um pouco mais e “descobri” que esta foi uma forma de garantir “espaço” e manter poder sobre o saber filosófico, já que esta divisão não apresentava utilidade sob nenhum outro ponto de vista.

Ainda que em alguns filósofos precursores existisse uma grande componente de análise e toda sorte de questionamentos sobre tudo no Universo, seus pressupostos tinham como objetivo final servir às pessoas ou, pelo menos, aos discípulos no seu cotidiano da vida. Naquilo que importava para a sua existência. Naquilo que tivesse utilidade imediata.

Basta ver apenas duas definições de Filosofia apresentadas por dois grandes filósofos separados no tempo por quase dois milênios:

1 – Platão (427-347 AC): “Filosofia é o uso do saber em proveito do Homem. Uma ciência em que coincidam fazer e saber utilizar o que é feito”
2 – Descartes (1596-1650): “Filosofia é o estudo da sabedoria... Um perfeito conhecimento de todas as coisas que o Homem pode conhecer, tanto para a conduta da sua vida quanto para a conservação de sua saúde...”.
Nesse mesmo sentido, poderemos buscar também junto a apenas dois importantes nomes da Filosofia definições do que é ser Filósofo:
1 – Thoreau (1817-1862): “Ser Filósofo não é meramente ter pensamentos sutis, nem mesmo fundar uma escola... É resolver alguns dos problemas da vida, não na teoria, mas na prática”.
2 – Nietzsche (1844-1900): “Filósofo é um Homem que constantemente vive, vê, ouve, suspeita e sonha... coisas extraordinárias”.

A grande questão que, para mim, fica sem uma resposta adequada é: porque não se usa, ou se tem usado tão pouco, abordagens tão práticas e claras para o Homem comum como estas? Aliás, quase nada diferente do que filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles ensinava e praticava com os seus discípulos.

O mundo há muito vive em permanentes crises de etnias, religiosas, políticas, econômicas e muitas outras, que tem tornado a existência bastante dificultada em vários pontos do Universo. A ponto de ser comum a expressão “a humanidade está perdida”. Prefiro considerá-la sem “eixo” ou sem um norte para onde converja.

A visão lógica diz e apresenta uma realidade inquestionável: a Filosofia é posterior à existência, e o seu surgimento está ligado às questões existenciais. Desse modo essa mesma visão deveria apontar na direção de uma maior atuação no lugar onde a vida, a existência, acontece: no aqui e agora, que é muito maior do lado de fora do que do lado de dentro da Academia. E é onde o Homem experimenta todas as sensações de conforto ou desconforto com os acontecimentos que vivencia, gerando para si mesmo ou permitindo que de fora diversos fatores o levem ao “caos” mencionado no início.

Desse ponto de vista levanto alguns temas existenciais onde a Filosofia e os Filósofos, especialmente os da Academia, deveriam tê-los em suas pautas de forma mais presente levando a uma atuação também mais marcante.

Não sei da Academia ou dos Filósofos, mas eu paro para pensar e questionar quando:

- formadores de opinião, autoridades inclusive, particularizam a ética para justificar ações ilegais ou que servem apenas para prejudicar os semelhantes;
- uma mãe é presa por espancar uma criança de apenas 45 dias por que ela chora sem parar; também quando outra mãe que perde um filho envolvido em crimes, estupefata diz: “onde foi que eu errei?”;
- vejo crianças serem “tratadas” com Ritalin por que foram identificadas como portadoras da Síndrome de Distúrbio da Atenção e Comportamento; também quando se generaliza a rotulação de qualquer mal estar como síndrome, significando a possibilidade de, mesmo que não apresentemos problemas de saúde (física ou mental) de sermos enquadrados como portadores da Síndrome da Ausência de Doenças;
- relacionamentos sem casamento duram para sempre e casamentos de mais de 30 anos terminam ou duram a vida toda sem que haja efetivamente um relacionamento;
- pais, frente a dificuldades em “administrar” os filhos dizem: “não sei mais o que fazer, entreguei pra Deus”;
- encontro pessoas que, em situações adversas dizem: “estava escrito e assim tem que ser, é o meu carma”;
- vejo marchas pela paz e não violência, repletas de pessoas carregadas de mágoas, ressentimentos e até mesmo de ódio;
- jovens se especializam em concursos na busca da “realização dos seus sonhos” através do emprego que melhor pague e não através do emprego que melhor lhe proporcione condições para se tornar um grande Ser Humano.

Como se vê todas são questões do nosso dia-a-dia e que afetam, das mais variadas formas, a vida do Planeta e para as quais, não tenho dúvidas, a Filosofia tem muito a contribuir nas soluções. Bastaria apenas que os seus “executores” focalizassem a sua visão na busca do que cada Filósofo ou Escola Filosófica tem de melhor para dar suporte a elas. Desse modo estaríamos, ao mesmo tempo, retomando a finalidade básica da Filosofia e a forma de atuação dos seus grandes mestres.
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